Mudou sua vida, transformou tudo. Por um momento piscou aturdida sem saber ao certo onde era céu onde era terra. Foi engatinhando com medo de levar um tombo, não conseguia ver aquilo que estava debaixo de seus joelhos. Assim foi se locomovendo, se esfolando, se machucando, sem ver um palmo a frente ou a baixo dela. Era como andar no nada.
De súbito, bateu em algo. Não era uma parede nem um poste, era uma pessoa. Não sabia ao certo se essa estava tão perdida quanto ela. Porém, em seu profundo desespero, se agarrou àquela criatura. Continuou o percurso, seguindo aquele que o destino havia posto em seu caminho.
Mas, o tempo a deixou corajosa, quis se esticar, quis abrir os braços, quis por os pés no chão e andar tal qual um ser humano. A primeira tentativa foi como um bebê que tenta andar pela primeira vez e se espatifou no chão. Na segunda, deu um passo. E assim conseguiu levantar-se e andar.
Sua altura lhe permitiu ver além da nevoa que a cegava quando engatinhava. Percebeu tudo a sua volta, sua profunda mudança não foi tão grande assim. O cenário estava mudado, mas a situação ainda era a mesma. Aquele a quem seguia era igual ao outro que a tinha causado essa mudança.
Ao perceber tamanhas semelhanças, trilharam por seu rosto pequenas gotas de mar que caiam de seus olhos. Não queria mudar de novo, não queria a solução de nenhum problema. Só quis fugir.
Acabou por se enterrar numa gruta que escondia em si mesma, onde permanece com medo do sol, de mudanças que a levem ao mesmo lugar e do destino com todo seu humor negro.