"Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia."
Dumbledore

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A vida em pedaços menores

Detalhes...
No fim, nossas vidas não passam de um monte de detalhes acoplados formando grandes cenas. Um detalhe pode mudar tudo. É o detalhe que entrega o assassino, é o detalhe que seduz, é o detalhe que impressiona, é o detalhe que destrói tudo dentro da nossa cabeça.
Sim, o detalhe tem o poder de fazer anos parecerem horas e fazer todo um passado distante e já extinto escondido no fundinho da mente retornar em um rompante. Tão insignificante quanto arrebatador, detalhes constroem e destroem e decidir qual faceta ele terá está muito além da nossa capacidade física e psicológica.
Tenho medos desses detalhes que nos assombram impetuosamente, esses que nos impedem de fechar os olhos de noite e que causam tanto reboliço aqui dentro que se torna necessária uma faxina daquelas completas. E faxina que inclui interior, exterior, psicológico e material para assim pensar em dormir novamente. Esses que são capazes de nos fazer acordar logo cedo para limpar o guarda-roupa, doar as roupas que não usamos e nos livrarmos de toda essa "velharia". Não satisfeitos partimos para as lembranças afim de deletar aquilo que nos assombra junto com aquela foto de um antigo amigo que hoje não fala com você, e haja paciência: é foto queimada, carta rasgada, aquele papel de bala que você guardou para lembrar-se do dia que conheceu seu melhor amigo, nada escapa das garras de uma mente atormentada por detalhes. Triste é saber que ainda não acabou, por fim, cansados e furiosos porque picotar as recordações não afugentou nosso novo "amiguinho" partimos para a mudança pessoal, ou seja, cortar o cabelo, mudar a cor do cabelo, mudar de estilo, por brinco, fazer uma tatuagem, qualquer coisa capaz de nos fazer sentir diferente como se assim fossemos nos livrar do detalhe que nos aflige. Quando conseguimos fazer isso percebemos que não adiantou de nada, só serviu para assustar as pessoas que estão próximas, porque a mudança só nos satisfaz se for bem radical e muito maluca. Então vem a última fase, e finalmente enveredamos em fazer aquela mudança interior e assim nós resolvemos apagar aquela lembrança que ficou guardada tanto tempo no fundo do cérebro, encarar aquela dorzinha que está sempre cutucando no lado esquerdo do peito, nos livrarmos de alguns demônios que continuam a nos rondar, nos conciliarmos com aquela situação que ficou entalada na garganta.
Assim, depois de todo esse processo muitas vezes doloroso, o qual nem todos chegam ao fim, nós conseguímos deixar morrer aquele detalhe que tanto nos assombrou, que nos tirou noites de sono. E, olhando para trás nem era grande coisa para ter causado todo o estrago que causou.
Afinal a vida é feita de detalhes, alguns nós percebemos desde o início, alguns nos pegam de surpresa, outros são parte do processo de amadurecimento, mas no final são apenas detalhes, coisas pequenininhas que não deveriam ter a capacidade de nos torturar.

Apenas detalhes!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Das coisas que sinto saudade

O primeiro sinal de que entramos no mundo dos adultos é o NUNCA MAIS. Nada mais doloroso do que o primeiro Nunca Mais a algo realmente maravilhoso. E, consequentemente, depois vem a saudade. Algumas vezes em ondas com momentos de calmaria seguidos de pânico por estar se afogando nesse mar de dor e saudade; ou ela pode aparecer como um eterno zunido no ouvido, o tempo inteiro ali suave ao fundo, mas capaz de enlouquecer; ou ela pode parecer um rio com sua correnteza sempre te arrastando sem parar um minuto se quer, sem paz. A minha parece mais como um zunido no mar rs, ela está sempre ali em cada detalhe, no jeito como todos agem, na forma como as pessoas se tratam, nos gostos, nos atos; em alguns momentos suporto, já em outros estou me afogando.
Tudo se deve pela intensidade do sentimento. Sinto saudade porque aquilo que vivi me marcou profundamente, porque em lugar nenhum eu pude ser tão eu e saber que era aceita, porque lá não senti pressão para mudar, porque naquele aquário eu estive protegida de todo mal e fui feliz.
Eu sinto saudade da turma como um todo, até mesmo das pequenas rixas. Sinto falta da minha galera, daquelas pessoas maravilhosas que me entendiam, me aceitavam e ainda compartilhavam do mesmo gostos que eu. Na verdade, sinto falta daquela irmandade que só encontrei lá em que não havia má interpretações para abraços, cabeças no ombro, colo, carinho, beijo no rosto, cafuné isso só significava aquilo que são realmente sem duplo sentido nem nada do tipo. Difícil é agora lembrar que alguns atos no mundo real podem ser mal interpretados.
Quero de novo a minha vida lá com as cantorias na rampa (quero me reunir com meus amigos para cantar 5 a seco, Marcelo Jeneci, 2ois, Tiê e saber que ninguém me olhará esquisito porque eu escuto essas músicas). Quero as conversas, os papos mais malucos num curto espaço de tempo (isso inclui as tentativas de descobrir as onomatopeias corretas, contar 20 vezes a mesma história do carnaval e ouvir alguém dizer "nossa, esse carnaval foi bom mesmo hein, já tamos em junho e continuamos falando sobre ele", tentar ter um papo sério e acabar chorando de rir por alguma piada idiota). E nada mais gostoso para iniciar o dia do que receber aquele abraço maravilhoso de BOM DIA isso inclui receber 3 vezes um "Bom Dia Caipirada" (Quero os meus abraços de volta seja aquele apressado porque a linha chegou atrasada e já tocou o sinal, ou aquele que a pessoa sai correndo de braços abertos lá da sala de armários, aquele abraço meio desajeitado na fila para o café só porque eu sou carente e gosto de abraços, abraço de boa sorte antes do jogo no interclasses, abraço de Bom Fim de Semana porque para a gente um fim de semana é muito tempo sem se ver, abraço de Boa Prova, abraço dado a toa o tempo todo).
E se tem algo que me faz fala no dia a dia são as piadas internas e aqui vai alguns exemplos para matar a saudade: Existem pessoas que tem pandas dormindo nos seus estômagos, outras que assistem aula de biologia assim :O , têm pessoas com música de trilha sonora "quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos seus resolvem se encontrar" ♪, algumas até tentam destruir a infância alheia inventando mentiras sobre personagens de quadrinhos e, para não me alongar mais, tem gente que tem uma lanchonete. Mais legais do que as piadas internas são os apelidos: pato, pastel, pão de queijo, salamandra, arara azul, indiano, biscoito, bolacha, bernardo/benedito, abelha, girafa, tinta, alface, cachorrão que não comparece e tem outros.
São tantas as lembranças, as festas mais malucas organizadas de um dia para o outro banhadas a pão de queijo e batatinha, os recadinhos, os sorrisos, as lágrimas. Sinto falta de tudo.
E é tão libertador sentir saudade! Durante muito tempo, quis ser a forte aquela que seguiu em frente sem lamentar o passado, então fui escondendo essa saudade dentro de mim por que eu queria começar de novo. Só que fiz mais do que isso, sem querer fui me afastando daqueles que amo e que viveram tudo comigo afinal eu estava apavorada, com medo de que tudo fosse diferente e um pouco de vergonha por ter parado no tempo enquanto as pessoas seguiram. Ainda me sinto deslocada, mas eu cansei de esconder daqueles que amo que eu sinto falta do que a gente viveu.
Então esse texto é uma declaração de amor e um pedido de desculpa. Eu não quis me afastar, eu não quis sumir, foi inconsciente, foi medo. Então, se vocês me desculparem eu quero consertar tudo, matar a saudade e viver com vocês ao meu lado mesmo que seja um lado meio longe.

Ps: todas essas palavras não significam que não estou gostando de onde estou. Ao contrário, encontrei pessoas maravilhosas lá, amigos que quero também ter ao meu lado sempre. Uma coisa não interfere na outra. Tenho sorte de ter passado por dois lugares muito especiais!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Bochechas coradas

Ela olhou para os lados e envergonhada percebeu que andara mentindo para todos. Aquele discurso lindo e não verossímil de não se arrepender do passado, sim, agora ela se tocara é uma mentira das grandes, porque olhando para trás ela lembrou alguns arrependimentos. Mais triste que isso, ela lembrou de um nome, um nome o qual é dono de boa parte de seu remorso, o qual ela, hoje, deseja não ter conhecido, o qual se esconde num profundo buraco do cérebro e quase nunca é lembrado.
Pode-se dizer até que a pobrezinha sente vergonha de admitir que o conhece ou talvez ela tenha vergonha de assumir que em algum momento de sua vida aquele pedaço de nada com roupas lhe pareceu atraente. É, provavelmente é isso. É ruim se arrepender de ter vivido, mas ela está com esse sentimento entalado. Porque gastar tanto tempo e energia com alguém tão desprezível? Os questionamentos se formavam em sua mente e ela aos poucos foi corando pela vergonha de um dia ter se dito "mulher de pato". Nem pato, nem planária, nem qualquer outro animal bizarro.
É, minha jovem, parte do processo de crescer é se envergonhar do passado.


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mais um desses encontros casuais

See me nervously pulling at my clothes and trying to look busy
And you're doing your best to avoid me
The Story of Us - Taylor Swift

A missão recebida era simples, eu tinha apenas que chegar até o supermercado da esquina comprar meu chocolate e voltar para a minha casa. Todavia, quando abri a porta já me arrependi dessa ideia, ele estava passando no meu portão no mesmo instante. Não podia voltar nem nada do tipo. Mantive a cara de paisagem e cumprimentei.
Incrível não, seguimos praticamente o mesmo caminho e nem ao menos nos olhamos de verdade. Ele repentinamente achou o chaveiro a coisa mais interessante; eu comecei uma briga mental comigo mesma. E a música descreveu exatamente o que aconteceu, por que ele realmente fez o seu melhor apenas para me evitar. Como se isso fosse resolver de alguma forma essa situação.
Sempre pensei que fossemos mais maduros que isso, mas agora quando o vejo só sinto vontade de sair correndo, ir me esconder. E eu não sei porque chegamos a essa situação. Nós dois fomos tão adultos e práticos no início, sabíamos exatamente o queríamos e até onde iríamos. Agora, somos duas crianças daquelas que tem medo de crianças do sexo oposto.
Podem me chamar de iludida, mas nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto. Po***, nos conhecemos desde pivetes! Será que ele não podia ter sido menos babaca? Assim, talvez, não teríamos chegado a esse nível de idiotice. Me vejo quase como que atuando num teatro escroto e não curto esse papel ridículo.
Enfim, segui o caminho decidida. Se ele entrasse no supermercado eu seguiria em frente. Nunca me comportei assim na vida, mas tal qual qualquer ser humano evito aquilo que me desagrada. E percebi que ele me desagrada, ele me faz sentir mal. Creio que causo o mesmo efeito nele, então para que lamentar sobre o que eu perdi?
Eu fiz uma escolha a um tempo atrás, não sabia muito bem quais seriam as consequências, mas mesmo assim eu as aceitei. Então, apesar de ter escrito mais esse texto-desabafo, eu entendo que ações e reações fazem parte da vida e se o preço que preciso pagar pela minha decisão for esse, ainda acho pequeno.
Sinto muito, mas acho que ele não vale o esforço de tentar mudar algo. Acho que continuaremos seguindo esse pedacinho da música até que a gente esqueça o que aconteceu. E só isso !